tenho um baloiço no meu jardim
Tenho um baloiço no meu jardim.
Um baloiço simples que me faz baloiçar à infância... Ao baloiço que ficava mesmo
ao lado do curral da burra e de frente para os pintainhos que, em fila indiana, passeavam atrás da mãe galinha. Quando me lembro dele, lembro-me da minha Tia Maria
e da minha avó. Provavelmente, porque eram elas que me faziam baloiçar, a mim, e
à minha prima Susana. Mas não baloiçávamos muito! Aquele baloiço era
ainda mais simples daquele que vive hoje no meu jardim. Foi inventado por elas com uma corda no alpendre e uma
manta dobrada em muitos pedaços para aligeirar o assento. Mas a manta
estava sempre a cair. Não era fácil de segurar. Deve ser por isso que nessas
lembranças encontro sempre a minha tia e a minha avó.
Hoje o meu baloiço é mais
seguro. De lá só vejo e oiço pássaros. Às vezes passa o comboio da fertagus e
quebra o silêncio. Mas às vezes a burra também zurrava. O meu baloiço também foi
feito à mão e com amor. Um amor que me preenche mais. Foi trabalhado em
silêncio e montado em contra relógio só porque eu gosto de surpresas. E só
porque ele gosta de me ver feliz. Não consegui experimentar a sensação de
baloiçar logo no primeiro dia, porque precisava de uns retoques. Mas no dia seguinte, imaginei... E no dia seguinte quando abri a janela e vi o meu
baloiço, sorri! Todas as manhãs, mesmo sem baloiçar, acho que me liberto um
bocadinho e sorrio, enquanto tomo o meu pequeno-almoço.
No meu baloiço o assento
não cai, mas não é por isso que deixo de ter sempre alguém por perto. Alguém que
faz tudo para eu não cair. Alguém que dobra a manta as vezes que forem
necessárias para me dar conforto. Tenho um baloiço no meu jardim e enquanto baloiço
não penso em nada, só no amor.
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