As melhores férias




Estamos de férias. Os três. E a três. Que maravilha! Somos nós. Só nós. Intensos. Autênticos. Simplesmente deixamo-nos estar. É tempo de ficar. E o tempo ficou em casa. Não o queremos cá. Na casa de férias. Na Quarteira. Tão simples e tão bom. Tão repetitivo e tão refrescante. É aqui que ficamos. Acordamos. Adormecemos. Sem hora marcada. É Aqui que brincamos. Corremos. Baloiçamos. Sem ritmo. É aqui que sabemos a sal. Que sentimos a areia no sofá. Que pintamos o carro de pó. Sem pressas de limpar. Aqui construímos castelos. E destruímos. Carregamos baldes de água. Entramos e saímos do mar. Sem nunca secar. Aqui mergulhamos. Até não poder mais. É o sol que nos guia. Quando se começa a esconder. E nós continuamos sem pressa. Entramos no jogo das horas. Brincamos com elas. Tentamos adivinhar a quantas andaremos. Saímos molhados. Com a areia colada aos pés. Arranha mas não incomoda. Saímos felizes. Sentimos que demos tudo. Não podíamos ter corrido mais atrás da bola. Não podíamos ter encharcado mais as toalhas. Não podíamos ter saltado mais com as ondas. Seguimos os três. E a três. Subimos a rua. Um carrega as tralhas. Outro empurra o carrinho. E alguém segue tão descansadinho! Nem sempre sabemos o que jantar. Nem onde. Mas seguimos. Os três. E a três. Completos. E sem fome. Porque a mini geleira azul regressa sempre mais leve. Dizemos olá à senhora que lava os vidros do restaurante do dia anterior. Continuamos. Vamos sendo questionados pela Alice. Está numa fase maravilhosa. Inventa histórias e muitas perguntas. Quando não percebe o que lhe dizemos retribui com um “o quê”. Que repete até encontrar o significado. E depois usa tudo o que aprende. E surpreende. E nós ficamos babados. E suados. Porque também cansa. É ela quem chama o elevador. Que nos leva ao nosso andar. E depois, abre-se uma cerveja. Estendem-se as toalhas. Os fatos de banho ficam de molho. E nós ficamos mais insonsos. E lá seguimos na rotina que difere a cada dia. "Rotina-se" porque há sempre um passeio ou uma ida ao parque. "Rotina-se" porque no regresso estamos cansados. Sempre. Mas nós. Porque a Alice não dá parte fraca. Que maravilha. Isto sim, a melhor coisa do mundo! São os nossos dias. Aqueles em que nos sentimos ainda mais verdadeiros, porque nada mais interfere em nós. Aqui ficamos. Permanecemos. Vivemos as nossas férias. Aquelas que nos ficam na memória. Aquelas que vão deixar rasto na Alice. Na Quarteira. Onde ir ao café implica pedir qualquer coisa. Um gelado ou um chupa. Na Quarteira. Onde ainda existem VHs. Na Quarteira. Onde todos os anos a Alice perde o medo do mar. Onde fazemos amigos com pronúncia. É a pronúncia  do norte. São famílias cheias. Muitas cartadas na praia. E nós ali. Os três. E a três. Mais as amizades da Alice. Aproxima-se. Observa. Aproxima-se mais. Vais buscar os brinquedos. Instala-se. E começa a brincar. Sem medos. Quer amigos. Já arranjou uma avó para os castelos. Já brincou com a Mariana. Já falou com a Matilde. E agora tem a Joaninha. Têm a mesma idade. Chamam uma pela outra. Querem ficar juntas. Mesmo que depois não saibam brincar. Ou saberão. À maneira delas. E nós ali ficamos. Sem sentir a toalha. Quase sempre na areia molhada. A observar. A brincar. A mergulhar. Sem parar. Que maravilha! Estamos de férias. Para mim serão sempre as melhores férias. As nossas. Só nossas. Onde nos fartamos de nós… e de ser nós.     

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