os primos



















Os meus primos. São muitos. Estão espalhados. Por Portugal. Por França. E pelo mundo. Graças à Joana. E à Céline que tem muitas férias. Os meus primos já se multiplicaram. Já não são apenas os que nasceram dos meus tios. São também os de coração. Do lado da minha mãe nem têm conta. Têm. Que o Vitor e a Annie fizeram questão de os contar. São várias gerações. E do lado do meu pai somos poucos. Mas bons. É a minha querida Susana. Agora é o Pedro e é o Guilherme. É assim. As famílias crescem. E a nossa cresce com sorrisos. Porque nos vemos. Mesmo que de tempos a tempos. Porque gostamos uns dos outros. Porque nos divertimos juntos. Porque vamos mandando mensagens. Porque vamos casando. Batizando os filhos. Porque uns vão fazendo 40 anos. Outros 18. Porque vamos festejando. E é assim. As famílias crescem. E a Alice também tem primos. Mais velhos. Mas vem um caçula a caminho. E no dia em que a escola fechou para uma tal de manutenção ela ficou com os primos. Um dia inteiro. Deu beijos sem fim ao primo Rodrigo.  Lambuzou aquelas bochechas até poder. Muitas vezes. E abraçou o primo. Sempre que possível. E ouviu as histórias da prima Inês. E ficou rodeada de amigos. Novos. Os amigos que eram da prima. Aqueles brinquedos que ela guardou. Porque a Inês já é adolescente mas ainda não conseguiu separar-se de alguns bonecos. Ainda bem. A Alice gostou. E gostou ainda mais da tenda. Onde brincaram até adormecer. As duas. Tão lindas a dormir na tenda. E eu nem vi. Só imagino. Também tiraram fotos e selfies. Porque hoje faz parte das brincadeiras de adolescentes. E houve um dia, em que a escola não fechou, e a Alice recebeu a visita de outro primo. Na hora de ir para casa, não foi. Ficou com o Guilherme a passear pela feira do livro. Mínima. Mas à altura deles. E os primos escolheram um livro. Depois correram. Cada um com o seu livro na mão. Correram pelo refeitório. Entre as mesas e cadeiras. Riram-se e gritaram. Até a segurança querer fechar as persianas. E riram e correram até chegar ao carro. Claro que nenhum queria entrar. Não se queriam separar. Mas teve de ser. Lá seguimos. Felizes. E eu segui a pensar. A Alice não sei. Não sei o que se passou na cabeça dela. Mas sei que estava bem. Sei que fica feliz quando vê o Guilherme. Sei que gosta do colo da prima Inês. Sei que gosta da voz do primo Rodrigo. E eu sei que tenho muitas recordações de primos. De infância. Mas também da idade adulta. Sei de cor uma férias em frança com a Céline e o Hervé. Fomos os três sozinhos de avião. Tão pequeninos e tão adultos. Foi a minha primeira vez na Disneylândia. Sei dos aniversários com as primas de Lisboa. Sei das distrações da Joana que nos faziam rir. Sei das conversas mais sérias com a Sofia. Sei das viagens com os primos no mês quente de verão. Todos no banco de trás e bem apertadinhos. Todos sem cinto no Renault que falava tipo Kitt: “Porte arrière droite mal fermée”. Acho que deixávamos as portas mal fechadas de propósito. Sei que brincava aos talhos com pedras com a Sandrina. E que nos arranjávamos a rigor para sair de casa. Sei de uma passagem pelas silvas de Casal Boss com o Dominique. Sei de uma queda de BMX com o Fred. Em velocidade. Vi o cão e tive medo. E atirei-me para o chão. Ainda hoje os meus joelhos sabem disso. Sei de uma fila de trânsito com o Vitor a caminho do Avante. Sei de uma noite a rir sem parar com o Sebastian e a Luísa porque as onomatopeias são diferentes entre países. Sei de um passeio pelo lago num pneu com o Mickael. Sei das viagens de scooter com a Susana. E dos primeiros namoros. Sei das gargalhadas na Torre de Belém com a Annie e um chinoca. Sei da prenda que a Sabrina me devolveu que afinal era minha. Sei dos “meus” hambúrgueres que a Sónia adorou lá em casa. Sei dos abraços da Nicinha. Sinto-os. Sei do carinho que o Tiago tem pela Alice. Sei do sorriso tímido e querido da Sara. Sei da alegria da Brigitte quando percebeu que finalmente íamos casar. Sei que as primas de coração choraram a ver o meu filme/convite. Sei de algumas conversas com a Sandra. Raras mas saborosas.  Sei lá. Tanta, tanta coisa. Sei que é mesmo muita coisa. É um coração cheio. Sei que naquele dia da feira do livro saí da escola da Alice a pensar. A pensar na relação dela com os primos. Como brincam. Mais velhos e mais novos. Como parecem felizes. Pensei que a família precisa de crescer. Não tenho vontade de voltar a engravidar. De voltar a passar pelos primeiros meses. De piorar as noites e os dias atuais. Cansativos. Mas sei que há uma felicidade que merece mais do que tudo. E os primos gostam sempre de estar uns com os outros. Mesmo que se chateiem. E os primos fazem-me pensar. Ponderar. Pressionam-me. Quero que a Alice corra e ria e grite com mais pessoas. Mais família. Quero que os laços sejam mais e maiores. Gostava que se estendessem para lá dos primos. Penso nisso. Penso que um dia poderá ter a mesma relação que hoje tenho com os filhos dos primos. Penso que é gracioso ter sobrinhos. Ela também gostará. Enfim. Penso e penso e penso. Mas só de vez em quando. Porque ainda não me apetece. Mas acho que vai ter de me apetecer. E portanto, vivo com essa pressão... saudável.


as fotos têm pouca qualidade mas muito amor 

Comentários

Mensagens populares